Trabalhadores da Águas Guariroba aprovam contraproposta da empresa, apesar de perdas salariais acumuladas

A votação da contraproposta apresentada pela Águas Guariroba/AEGEA para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2025/2027 foi concluída nesta segunda-feira (1º/12), com 616 votos registrados, de um total de 749 trabalhadores aptos.
O resultado foi o seguinte:

SIM – 437 votos
NÃO – 179 votos

Apesar da aprovação, o Sindágua-MS destaca que a proposta é insuficiente, não recompõe as perdas inflacionárias acumuladas pela categoria nos últimos dez anos e aprofunda a desigualdade dentro da concessionária.

O presidente Lázaro Godoy Neto, respeitando o resultado democrático da votação, não deixou de criticar duramente a proposta aprovada: “Mesmo não concordando com essa proposta vergonhosa, o sindicato respeita a decisão soberana da categoria. Mas é preciso dizer com clareza: a empresa mantém lucros bilionários e salários milionários na diretoria, às custas da não reposição inflacionária dos empregados. A prioridade da concessionária é garantir dividendos aos acionistas, não a valorização de quem faz o serviço acontecer”.

O que a categoria aprovou

A contraproposta da Águas Guariroba prevê:
– Reajuste geral de 4,49% para praticamente toda a tabela salarial;
– Reajuste diferenciado no piso salarial, de 7,44%, passando de R$ 1.635,88 para R$ 1.757,00 (aumento de R$ 121,12);
– Benefícios (vale-alimentação, refeição e outros) também reajustados em 4,49%;
– Vigência de dois anos (01/11/2025 a 31/10/2027).

Segundo análise técnica do Sindágua-MS, as perdas acumuladas da categoria chegam a 10,6%, ou seja, o reajuste proposto pela empresa não cobre sequer a inflação da última década.

Lucros bilionários x reajuste insuficiente

O sindicato reforça que a empresa tem plena capacidade financeira para atender às reivindicações.

Dados oficiais da própria Águas Guariroba mostram que, entre janeiro e setembro de 2025, a concessionária registrou:
– Receita operacional líquida: R$ 946 milhões
– Lucro líquido no período: R$ 305,5 milhões (alta de 16,2% em relação a 2024)

Nos últimos cinco anos, o lucro líquido acumulado da empresa ultrapassa R$ 1,5 bilhão.

Em 2025, a empresa já distribuiu R$ 255,5 milhões em lucros aos acionistas.

Mesmo assim, a concessionária afirma não poder conceder um reajuste que demandaria R$ 350 mil por mês, o equivalente a menos de 0,5% da receita mensal — hoje em torno de R$ 85 milhões.

Além disso, as tarifas de água e esgoto aplicadas em Campo Grande tiveram 125% de aumento entre 2016 e 2026, valor 34,78% maior que os reajustes salariais do mesmo período e 28,03% acima da inflação.

Hoje, uma família de quatro pessoas empregada na própria empresa chega a comprometer quase 20% do salário bruto apenas para pagar a tarifa ao “próprio patrão”.

Próximos passos

Com a aprovação da contraproposta, o ACT 2025/2027 será formalizado com os índices apresentados pela empresa.

O Sindágua-MS continuará acompanhando a situação da categoria e atuando para denunciar desigualdades, defender reposições justas e ampliar a organização dos trabalhadores diante de um cenário de lucros crescentes e salários defasados.

Assessoria de Comunicação – Sindágua-MS

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